Eva / A malvada; Joseph L. Mankiewicz (1950)
Apertem os cintos de segurança. A noite vai ser de solavancos! [Margo]
O Ben tem 32 e parece ter 32. Parecia há cinco anos e continuará a parecer daqui a cinco anos. Odeio os homens! [Margo]
– Sim, aposto que se ajoelhou, pediu perdão, deixou cair umas lágrimas. Tudo muito teatral!
– Onde arranjaste esse cinismo?
– Tenho-o desde que descobri que era diferente dos rapazes.
No mundo do teatro, todos são culpados até prova em contrário. Esta é a diferença entre teatro e civilização.
Afinal, nada teria valor na vida se não o tivéssemos à mesa, ao jantar ou na cama. Sem ele, seremos tudo menos mulheres.
– Tens de deixar de fazer mal a ti e a mim com essas explosões paranóicas [...] É altura de saberes. Amo-te! És uma mulher bela e inteligente...
– Um corpo com voz...
– Bela, inteligente e uma grande actriz. Estás no apogeu da tua carreira. Nada te falta para ser feliz...
– Só me falta a felicidade.
– ... Mas deixas-te dominar pelos nervos e permites que uma garota te transforme numa harpia histérica! De uma vez por todas, acaba com isto...
– Bem se vê que não és mulher...
– Há tanta gente que me conhece. Que é isso, além de um letreiro luminoso e daquilo a que chamam temperamento, e que consiste em voar daqui para ali, aos gritos? As crianças portam-se como eu. Se pudessem, embebedavam-se quando as contrariam, quando se sentem indesejáveis, inseguras ou sem amor.
– E o Bill? Ele ama-te.
– Eu amo-o. Quero-o. E quero que ele me queira, mas só a mim, não a Margo Channing.
[Margo/Karen]
Tinha a certeza de que aconteceria, e aconteceu. Senti-me desamparada como uma mulher cujo único talento consiste em amar o marido. Como poderia competir com ela? O amor dele por mim tornara-se rotina. [Karen]
– Onde está o cadáver? Os convidados perguntam-se quando o poderão ver.
– Ainda está à espera para ser embalsamado. Na verdade, estás a olhar para ele.
Esta seria a minha deixa para te abraçar e tranquilizar, mas não o faço. Estou zangado.
Não julgues uma jovem idealista pelos baixos padrões da sociedade em que vives.
De repente, senti uma grande vontade de proteger essa rapariga; uma ovelhinha perdida nesta grande selva de pedra.
Há poucas pessoas assim. Aquela maneira simples, fora do comum...
Parece que agora é moda usar só um brinco. Se não for passa a ser, não encontro o outro. [Margo]
Para onde íamos nessa noite?... É curioso como recordamos certas coisas e esquecemos outras.
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